terça-feira, abril 26

Treino Canino - Castigo e recompensa

É muito complicado para nós imaginar que seja possível deixar de lado os gritos e castigos durante o treino do cão ou que eles sejam negativas para o mesmo. De fato, não podemos deixar de controlar e reprimir todas as atitudes negativas dos cães. A diferença é que fare­mos isso levando em conta a psicolo­gia canina. 

Devemos reprimir a atitude e não o cão

O cão deve realizar dada ordem ou comportamento porque sabe que será recompensado e acarinhado. Esta conduta está relacionada com o condicionamento operante, que ensina que um cão, através de várias experiências, aprende que dado comportamento ou ação sua trará consequência. O animal vai então eleger ou reprimir dado comportamento tendo em conta o que foi aprendendo.

Por vezes torna-se necessário "punir" o animal por alguns comportamentos, mas isso deve ser feito de forma a que  o cão não relacione o castigo a nós. Algumas vezes é muito difícil não deixar o cão perceber que estamos por trás da punição, mas isso é contornável.

IMPORTANTE: As brigas e castigos não são negativas apenas pelo fato de se perderem pontos na relação com o cachorro, mas também porque muitas vezes o cachorro quer atenção, e mesmo uma atenção negativa pode ser vantajosa para ele. Ou seja, quando se bate com o jornal no lombo do animal,  ele está a ter exatamente o que pretende : atenção. 

Se gritamos com um cão quando ele faz chichi pela casa, estamos a dar-lhe a atenção desejada. Da próxima vez que esse cão quiser atenção, ele poderá repetir o ato e será bem-sucedido novamente. 

As melhores correções são aquelas feitas de tal forma que o cão acredita que foram aplicadas por "Deus" e nas quais nós não tivemos participação nenhuma.









Equipamentos que ajudam a "punir" o cão

Há certos utensílios que podemos atirar para assustar o animal quando queremos adverti-lo para não fazer determinada coisa, mas devemos ter sempre mui­to cuidado para não lhe acertar. É importante que esses objetos possam ser atirados na direção do cão sem que ele os relacione diretamente connosco, para possibilitarem uma despersonalização da punição. O castigo apenas resulta se diminuir a frequência de um dado comportamento. 

PODEMOS usar: molho de chaves pesadas, uma lata tapada cheia de parafusos e moe­das, uma garrafa de plástico vazia,  spray com água, substâncias amargas/spray com substâncias amargas.

Se estes utensílios forem utilizados de forma cor­reta, além de eficazes, podem funcionar como repelente para o animal. Por exemplo, ao colocar a lata em cima de uma cadeira, evita-se que ele suba para ela.
Existem produtos especiais para evitar móveis roídos, são amargos e inofensivos. O cão também leva um susto com as chaves, dando mais poder para ambas ferramentas. Se o produto tiver um odor (por mais fraco que seja), poderá ser aproveita­do e colocado na lata e nas chaves, assim o seu cachorro relacionará o odor com uma atitude errada. Isto deve ser tudo feito com cuidado de forma a não traumatizarmos o animal.
Estes castigos são conhecidos como castigo positivo, porque diminuem a frequência de um comportamento através da aplicação de algo indesejável ao animal.

Atenção: Toda e qualquer punição deve ter o ob­jetivo de inibir o ato e nunca o de ser represália ou vin­gança! Assim que se atinge o objectivo, a punição deve cessar como se jamais tivesse existido.

Outro tipo de castigo seria o castigo negativo, no qual um comportamento é reprimido através da retirada de algo desejável para o animal: se o cão salta para as cadeiras a pedir comida, ele irá ser colocado numa divisão da casa diferente, na qual não tem acesso à mesa; se o cão trinca a mão do dono enquanto brinca, a mão deixa de lhe ser apresentada.

Ambos os castigos apenas funcionam se forem aplicados no momento exato do comportamento indesejado.


TREINO SEM TRAUMAS


Cada comando e cada aprendizagem carregam consigo muitos significados que ficarão como lembran­ças no subconsciente do cão. O nosso objectivo é fazer com que o cão respon­da aos nossos comandos o mais prazerosamente pos­sível, e para isto devemos tomar uma série de cuidados desde a primeira lição.

Qualquer fator negativo durante o aprendizagem contribuirá para uma resposta menos eficiente e para a má vontade do seu cão em efetuar o comando, já que subconscientemente ele vai relacionar o comando com os fatores do aprendizado.


 Nunca reprima o cão MAS sim a atitude;

* Planeje as punições para que o cão não as relacione consigo. Por exemplo, coloque alguma substância amarga no pé do sofá para que o gosto mau seja a punição, e não uma chinelada aplicada por si.

* Evite que seu cão relacione qualquer coisa de­sagradável com o aprendizado, como, por exem­plo, apertar o lombo ou sufocá-lo com a coleira estranguladora para que ele se sente. Além de de­sagradáveis, essas atitudes estão diretamente relacionadas consigo!

* Aprenda a ignorar o seu cão como forma de pu­nição. É uma ótima maneira de fazer seu cão valorizar ainda mais sua presença e uma atitu­de muito eficiente para controlar o comporta­mento.


A Troca

O condicionamento opera por meio de trocas positivas do ponto de vista do condicionado e não do condicionado. Devemos desenvolver a ca­pacidade de observar o que é real­mente para o nosso cão uma troca posi­tiva e o que não é, em cada situação. Só assim poderemos condicioná-lo eficazmente.



Devemos ter em mente que, se quisermos modi­ficar ou controlar o comportamento do animal através do treino, será sempre necessário haver uma troca interes­sante para o cão. Algo que ele goste tanto ao ponto para fazer algo por ele! 
O cão aprenderá na base de troca e vai-se comportar de acor­do com o esperado na expectativa da troca, mesmo que às vezes ela não se dê - resposta condicionada.


Objectos para a troca:



Os melhores são aqueles que sabemos serem desejados pelo nosso animal - petiscos, ração, brinquedos, caricias, etc.


Uma boa troca para um cão que puxa a coleira para ir passear de carro seria, quando ele obedecesse o comando de deitar e esperar, dar-lhe a recompensa do passeio de carro.
Alguns reforços funcionam bem em certas condi­ções, como, por exemplo, no espaço do seu quintal, mas não funcionam tão bem quando o seu cão está solto no parque. Nesse caso, temos duas opções: uma, a troca do reforço por alguma coisa ainda mais interessante para o cão, outra, não soltá-lo durante as primeiras aulas do treino para diminuir tanto a ansiedade do cachor­ro quanto a possibilidade de ele se distrair.
Petiscos costumam ser o reforço universal, já que são poucos os cães que não adoram esse tipo de recompensa.
Muitas pessoas são contra os petiscos como re­forço para o treino, assim como qualquer outro tipo de comida, pois apresentam algumas desvantagens:

*    Só funcionam bem quando o cão está com fome.
* Será obrigado a carregar petiscos grande parte do tempo.
* Deve-se tomar cuidado para não desbalancear a dieta do animal.


Porém, nos casos de cães que não adoram algum objeto em especial ou não se satisfazem somente com um afago, petiscos são sempre uma boa saída.

 Jamais corra atrás do cão se ele estiver a fugir com o objecto, pois é exatamente o que ele quer, e assim estamos a recompensa-lo pela desobediência! Fica as­sim evidente que cada recompensa tem seus defeitos e qualidades, mas o importante é utilizar um reforço que valha a pena para o seu cão, e aí a própria vontade de aprender valorizará cada vez mais a sua atenção e o seu carinho.




Conforme o treino for evoluindo  o cão vai começar a encarar como um desafio conseguir a recompensa e, a partir daí, o prêmio não terá tanto valor em si mesmo, passando a significar para o cão que ele agiu corretamente. Quando se atinge esse ponto, qual­quer objecto ou mesmo um afago têm um enorme valor. 

Não devemos insistir ou obrigar o nosso cão a obedecer em troca de qualquer coisa. Assim que nos dermos conta de que num determinado momento aque­la troca não vale a pena para o cão, não devemos insistir e, sim, procurar uma outra estratégia. 



Como valorizar Um objecto de TROCA
Existem técnicas para aumentar o valor da recompensa para o cão. O ideal seria ter uma recom­pensa tão valiosa para o animal que qualquer outro estí­mulo não o motivaria mais do que a possibilidade de ganhar o objecto. 
É possível atingir esse ponto, e nem é tão difícil quanto isso! Uma bola, por exemplo, já costuma ter um determinado valor para o seu cão mas, se tiver a capacidade de tornar a pessoa ou o cachorro que estiver com ela o centro das atenções, terá ainda mais valor. 

Para isso, guarde uma bola (ou um determinado objeto) e, sempre que achar adequado, ofereça-a para o cachorro com o maior entusiasmo e se ele a apanhar demonstre a sua atenção, brincando com o cão até que ele solte a bola.



 Assim que isso acontecer, apanhe-a rapidamente e brinque você mesmo com ela.  Após essa brincadeira, guarde o objecto para que ele não perca o seu lado apelativo, já que ele deve significar sempre alegria e divertimento. Se a técnica for feita corretamente, a bola (objecto) irá  terá um grande valor para o seu cão, e ele vai obedecer-lhe com o maior prazer para poder recebê-la.

Alternativas para a troca
E o que se pode fazer quando quisermos que o cão venha até nós mas não tivermos nenhuma troca a altura para lhe oferecer? 

No inicio da aprendizagem evite desapontar o cão e aja inteligentemente. Atraia a atenção dele sem que ele perceba que  está a querer fazer isso. Uma das melhores maneiras é sair a correr numa direção e fingir que não está a ligar nenhum para o cão. Dificilmente ele deixará de segui-lo e de se aproximar de si depois de alguns segundos. MAS NÃO ABUSE DESTE TRUQUE PORQUE ELE APRENDE-O LOGO!

 Um outro caso seria a necessidade de pôr o cão num lugar de que ele não goste ou levá-lo para fazer alguma coisa que ele detesta, por exemplo: colocá-lo dentro do canil, levá-lo à cozinha para tomar remédio, ao jardim para tomar banho, etc. Jamais o chame! Simplesmente vá até onde ele estiver e pegue-o, não lhe dê a chance de escapar, e assim sempre que pressentir que algo de "mau" está para acontecer ele vai-se conformar e não vai tentar fugir, pois, se tentar, sabe que vai fracassar. O importante é não trocar uma obediência ao seu comando por uma coisa desagradável. Nenhum cão iria gostar de obedecer ao dono todo feliz para depois ter um banho ou um comprimido na garganta como resultado!


Não lhe ensine coisas que depois em situações diferentes não quer que ele cumpra. Isso confunde muito o cão. Se não quer que ele suba para o colo de pessoas quando vêm a sua casa, não o permita subir para o seu quando estiver sozinho.




*A troca deve sempre valer a pena para o cão.

* Se o cão não mostrar interesse pela troca, suspenda imediatamente o treino e

modifique as condições para introduzir alguma coisa mais valiosa para ele.


* Quando não tiver coisa alguma para trocar, sim­plesmente não ordene nada! Se precisar que ele vá a algum lugar ou assuma uma deter­minada posição, leve-o ao local ou faça o que deve ser feito.

* As trocas obviamente vantajosas para o cão em casa muitas vezes perdem o seu atrativo quando ele estiver solto ou a passear no par­que.


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